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As maçãs da vida

“O pior cego é o que não quer ver”. Comprovo esse dito popular nos mais diversos ambientes, inclusive em sala de aula, como professor. Para ensinar, é preciso despertar o interesse em aprender. Para superar eventual indiferença, coloco-me no lugar do aluno, para, a partir de sua realidade, ajudá-lo a perceber a importância do conteúdo para a vida, e não somente para a aprovação na disciplina. Um dos motivos que me levaram a escolher essa profissão foram os dizeres de um antigo professor: “a melhor forma de aprender é ensinar”. Ao ter uma meta, como transmitir um conteúdo, automaticamente ficamos atentos a tudo para cumpri-la. Nesse processo, entram em ação as funções de estudar, de aprender, de ensinar, de pensar e de realizar, que vão se transformando em aptidões. O professor torna-se um agente de mudança, mas a primeira transformação ocorre em si mesmo. Por isso, coloco-me na posição de eterno aprendiz, em todas as circunstâncias, buscando os elementos que favoreçam minha evolução como ser humano e servidor da humanidade. Aprendo com as crianças sobre a valorização das coisas simples e a avidez por conhecimento. Deveríamos manter tal postura diante da vida? Prefiro dizer “antigo professor”, e não “ex-professor”, pois não deixou de ser meu professor. O que aprendi nos momentos de contato direto tem desdobramentos e serve de base para novos conhecimentos. Vem à minha mente a célebre frase de Isaac Newton, que disse ter enxergado mais longe por estar em ombros de gigantes, referindo-se a antecessores como Galileu e Copérnico. Newton é considerado por muitos o maior cientista da história. Sua mente, ávida por conhecimento, sabia que havia, em suas palavras, um “oceano de verdades” a ser descoberto. A simples visão da queda de uma maçã pode tê-lo inspirado a descrever a lei da gravitação. Sua contribuição vai além da física, abrangendo áreas como medicina, matemática, química, biologia, engenharia, computação e até o tratamento de imagens de satélites, ultrassonografia e ressonância magnética nuclear. As leis que ele formulou não só auxiliam no cálculo de estruturas de prédios, navios e aviões, mas também servem de base para o lançamento de satélites e naves espaciais. Além de listar causas, ele desenvolveu ferramentas como tabelas de cálculo e um modelo de telescópio. Ao compreender essas leis, cientistas como Einstein deram continuidade ao conhecimento, inclusive corrigindo alguns detalhes equivocados, oriundos das limitações da época. Esse é o caminho da ciência e da evolução dos conceitos: parte-se de um conhecimento inicial e, com o tempo, ele é aprofundado e refinado. Einstein dizia: “O primeiro dever da inteligência é desconfiar dela mesma”.


Quero estimular meus alunos a manter vivo o interesse da infância em aprender e, consequentemente, evoluir como seres humanos. Com os olhos abertos e a mente sensível e aguçada, eles poderão enxergar muitas “maçãs” ao seu redor.

“Muitas vezes, observando detalhes, pequenos
detalhes, ensinei a descobrir grandes causas.” (Da Logosofia)